Capítulo
09:
E
nos Encontramos de Novo
Flum, Milkit e Sara se
sentaram na parte traseira da carroça que balançava suavemente enquanto
mastigavam seu almoço. Havia comida suficiente comida para quatro pessoas, mas
Stude estava desmaiado na cama do carro, roncando alto. Uma vez que viram o pão
branco suave ao redor das carnes e verduras, e encharcado em um molho picante,
elas mal conseguiram parar. O molho era doce e não tinha muito sabor.
Sara
colocou todo o pão na boca. “Delicioso!”
Flum
explodiu em gargalhadas ao ver as bochechas de esquilo de Sara.
“Me
sinto honrada em escutar isso.”
“Whoa,
foi você que fez isso, Milkit?”
“Não
é nada especial.” Milkit havia acordado cedo para preparar o almoço, embora a
comida tenha sido proporcionada por Stude.
Flum
riu. “De maneira nenhuma, isso é incrível! Olha só para Sara! Eu gostaria poder
engoli-los inteiros também.”
Sara
tentou replicar, mas era impossível entender ela devido a quantidade de comida
na sua boca.
“Eww,
não fale com a boca cheia! Além disso, acho que a conversa está saindo do
caminho. Milkit, você fez tudo isso sozinha?”
“Sim,
por quê?”
“Uau,
isso é incrível! Você é como um chefe, Milkit!”
Milkit
desviou o olhar para olhar seus pés, envergonhada pelo elogio repentino. Havia
aprendido muito sobre a cozinha no seus muitos anos como escrava.
Embora
Flum fosse uma cozinheira decente, mas isso era algo completamente diferente.
Continuou mastigando o pão enquanto pensava muito em que tipo de receita
pediria para Milkit ensina-la a seguir.
“Então, como esse lugar é, Anichidey?”
perguntou Flum.
Sara
murmurou algo incompreensível com a boca cheia de comida.
Flum
fez tudo o possível para não rir enquanto repreendia sua amiga. “Sério, Sara,
termine de mastigar sua comida antes de falar!”
Sara
engoliu um pouco de comida de um só gole. Flum se preocupou por um momento se
ela ia se engasgar, mas ao que parece, havia engolido sem problemas. Ahh, a
juventude.
“De
qualquer forma, como estava dizendo, é basicamente uma cidade descomplicada no
meio do nada, embora costumava estar no auge devido a todas as ervas que ali
eram cultivadas. No entanto, Stude sabe mais que eu.”
“Quer
dizer, tudo isso estava bem antes de nós nascermos, verdade? A repressão veio
logo após a guerra entre humanos e monstros.”
A
guerra havia terminado faz uns trinta anos. Havia começado de repente, com
demônios invadindo repentinamente terra humanas sem aviso prévio. O exercito
real se mobilizou de imediato e conseguiu fazer os invasores retrocederem, embora
teve um grande custo para a vista humana.
A
igreja havia participado na guerra e de fato foi muito bem sucedida no campo de
batalha, o que havia contribuído muito em reforçar ainda mais os laços entre a
igreja e o estado. De fato, a igreja de Origem não era a única religião no
reino nesse momento, embora fosse, de longe, a maior. Ainda havia muitos
seguidores de varias religiões populares no campo, embora a maioria dessas
tradições haviam caído no esquecimento
durante os últimos trinta anos.
“Então
é assim, eu realmente não sei por que a igreja odeia tanto a fitoterapia.”
“Quer
dizer que nem sequer dizem para seus membros por quê?”
“Dizem
que usar os remédios enfraquecem sua fé em deus ou então faz que a magia
curativa seja menos efetiva, mas todas essas explicações cheiram mal. Mas de
todas as formas, a maioria das pessoas acredita.”
A
roda do carro bateu numa grande rocha, o que fez ele se levantar e logo caiu
com uma forte batida, fazendo que Sara caísse do seu assento. Flum vislumbrou
uma tatuagem azul na parte posterior do pescoço da garota.
“Ei,
Sara, o que é isso no seu pescoço?”
“Oh,
essa coisa antiga?” Sara passou o dedo pela marca. “Minha cidade natal... Bem, o
que costumava ser na minha cidade natal, eu acho, mas agora já se foi... De
qualquer forma, costumávamos pertencer a uma igreja diferente nesse momento.
Meus pais gostavam muito dela e me deram a marca de um seguidor quando eu era
muito jovem. Usaram um tipo especial de pintura nela, então ela nunca desaparece.”
Flum
estava muito familiarizado com essa pintura. Provavelmente era do mesmo tipo
que foi usada na sua marca de escravos.
Antes
que tivesse a oportunidade de perguntar o que Sara queria dizer com “costumava
ser” sua cidade natal, a garota continuou.
“Minha
cidade natal foi completamente aniquilada pelos demônios, você sabe, faz uns
oito anos. Só tinha dós anos nesse momento, então eu realmente não lembro de
nada a respeito.” Sara deu um sorriso fraco. “Com María foi mais ou menos
parecido, então eu suponho que por isso sempre foi tão amável comigo.”
“Com
María também?”
Flum
e María realmente não falavam muito sobre suas vidas pessoais, então era a
primeira vez que ouvia falar disso. Ao menos explicava o porquê ficava tão
estranha quando se ficava cara a cara com os demônios. Qualquer um odiaria as
criaturas que destruíram tudo o que amava. María era o membro do grupo mais
apaixonada pela sua missão de matar o Lorde Demônio, e pelo que ela via, alguém
como Flum não tinha nada o que fazer ali e não era digna de ser curada.
“Os
demônios continuam cruzando a fronteira e arrasando assentamentos humanos
inteiros, você sabe.”
“Nesse
momento??”
“Não
se fala muito disso nas noticias, mas algumas cidades mais pequenas foram
apagadas do mapa.”
Flum
não havia visto nada parecido com isso em nenhum dos jornais nacionais. Isso só
podia significa que a igreja tinha sua rede própria de informação não oficial.
Levando em consideração o quão disposta Sara estava em compartilhar os segredos
da igreja, incluindo a localização das ervas necessárias, era evidente que ela
não concordava com todas as suas politicas.
“Felizmente,
pelo menos ninguém morreu. Isso seria imperdoável! Eu daria para esses demônios
o que eles merecem.” Sara apertou seu punho com energia.
Apesar
de não lembrar de nada sobre a destruição do seu lugar, a amargura da perda
claramente ainda estava com ela, assim como seu desdém pelos monstros que
continuavam destruindo o sustento das pessoas sem motivo. Flum entendeu muito
bem sua raiva, mas Sara disse algo que parecia estranho: como foi que os
demônios aparentemente destruíram cidades inteiras sem matar ninguém?
Depois
de tudo, Flum conhecia o poder dos Demônios Chefes de perto. Era praticamente
inconcebível que pudessem dar um golpe desleixado em uma pequena vila sem
incinerar todos os que vivam nela. Só poderia ter sobreviventes se tivessem a
deliberada intenção de, em primeiro lugar, não matar ninguém.
Ela não se atrever a perguntar a
Sara, alguém que havia perdido tudo o que conheceu nas mãos dos monstros, mas
Flum tinha curiosidade de saber por que os demônios continuariam com esses
ataques. Bem, talvez a razão fosse muito obvia... os humanos estavam invadindo
continuamente seus territórios. Talvez destruir essas cidades era sua forma de se
vingar.
Sara
mordeu com força o pão e arrancou outro pedaço. “Mas ainda tenho muito
treinamento que fazer antes de poder lutar contra eles.”
“Falando
disso, você é muito forte, Sara. Realmente derrubou esse ladrão no Distrito
Oeste.”
“Eh,
formamos uma grande equipe contra esses caras. De qualquer forma, posso
repetir?”
“Isso
não seria legal.”
“Não
vejo nada de mal nisso.”
“Se
você diz, Ama. Aqui está, Sara.”
Sara
assentiu com entusiasmo e sorriu diante da comida que foi oferecida antes de
dar outra mordida no pão. Ela resmungou algo com a boca cheia de comida, que
Milkit entendeu de alguma forma quando Sara indicou para ela usar Escanear pra
verificar suas estatísticas.
“C-Certo.
Escanear!”
O
corpo inteiro de Milkit se sacudiu levemente pelo nervosismo puro por usar seu
primeiro feitiço mágico. Ela havia aprendido ele de noite, quando Flum
aproveitou a oportunidade para ensina-lo depois que terminaram com sua pratica
de leitura. Apesar dos receios, Milkit só demorou aproximadamente uma hora pra
o entender. Depois de tudo.
Demorou
mais algumas horas para terminar a aula de leitura naquela noite. Mesmo que
elas estivessem apenas repassando algumas palavras e números, Milkit estava
completamente fascinada com a atividade. Havia feito Flum sorrir ao ver a
garota tão cativada com algo.
Conseguir
usar Escanear permitiu a Milkit ver coisas que geralmente eram invisíveis a
olho nu. Estava tão emocionada pela perspectiva que começou a usa-lo sobre
qualquer coisa. Felizmente, uma vez que você aprendesse um feitiço, você
basicamente saberia disso pelo resto da vida.
Flum
sorriu tranquilizadoramente em uma tentativa de acalmar Milkit. “Não se
preocupe, você tem isso.”
Pareceu
ter o efeito desejado, já que notou que o corpo de Milkit se relaxava
visivelmente e suas pupilas começavam a brilhar. O olhar de Milkit ficou
distante enquanto se concentrava nas palavras e nos números que apareciam no
canto da sua visão.
Flum
riu para si mesma com essa visão. Decidiu lançar Escanear em Sara para ver o
que Milkit estava olhando.
Sara
Anvilen
Afinidade: Luz.
Força: 285
Magia: 301
Resistência: 123
Agilidade: 227
Percepção: 133
Ela
estava, em uma palavra, surpresa. Esse tipo de estatísticas era incomum para
uma menina de dez anos. Com um valor total de estatísticas em 1.069, apenas
isso levava Sara próxima ao nível de um aventureiro de Rank C. Certamente ela
também melhoraria com a idade.
Flum
estava começando a entender porque a igreja estava deixando ela sair impune: a
garota tinha muito potencial.
De
repente, consciente de si mesma diante a presença de uma jovem tão poderosa,
Flum equipou sua manopla e convocou sua espada antes de usar Escanear sobre si
mesma.
Nome:
Devorador de Almas Zweihänder
Nível: Épico
[Esse equipamento reduz a força do
seu usuário em 320]
[Esse equipamento reduz a magia do
seu usuário em 99]
[Esse equipamento reduz a
resistência do seu usuário em 297]
[Esse equipamento reduz a agilidade
do seu usuário em 183]
[Esse equipamento reduz a percepção
do seu usuário em 111]
[Esse equipamento faz que o corpo do
usuário derreta]
Nome:
Manoplas de Aço Ensanguentadas
Nível:
Raro
[Esse
equipamento reduz a força do seu usuário em 82]
[Esse
equipamento reduz a magia do seu usuário em 101]
Isso
deu um valor de estatísticas total de 1, 193, apenas superando a Sara. Isso fez
ela se sentir melhor. Curiosamente, parecia que a maldição do Devorador de
Almas ficou mais poderosa, embora só um pouco, depois que ela matou anzu com
ela.
No
entanto, quem ficaria mais forte primeiro era uma incógnita. Pra ser justo, na
verdade não era uma competição. Flum sabia que não deveria pensar tanto nisso,
mas algo na forma em que Sara a admirava fazia que ela desejasse ser alguém a
quem valesse a pena admirar.
Agora
era a vez de Sara de usar Escanear sobre ambas. “Vejo que suas roupas são
apenas itens comuns. Ela não tem encantamentos, têm?”
“Suponho
que eu poderia me permitir comprar roupas estranhas se eu não me preocupasse
muito com a aparência.”
“Você
tem um ponto. A maioria das peças realmente poderosas são bastante vulgares.”
De qualquer forma, os méritos e os deméritos da moda não seriam realmente
registrados em Escanear. Sara olhou para si mesma e pareceu encolher. “No
entanto, você parece bem, Flum. Olha essa coisa idiota que eu tenho que vestir.
Pareço como uma criancinha!”
“Tudo
no seu devido tempo, tudo no seu devido tempo.” Brincou Flum com a jovem, mas
para ser honesta, ela mesma carecia de curvas femininas. Ela olhou seu próprio
peito e suspirou para si mesma.
Sara,
que nunca ficou desanimada por muito tempo, centrou sua atenção em Milkit. “E
Milkit... Estou com ciúmes! Toda essa renda babada e a fita no seu peito...
Essa roupa é fofa ao máximo! Talvez algum dia eu possa vestir algo tão bonito
como isso.”
Flum
tentou imaginar Sara vestida de empregada. Ficaria fofa, mas é claro, mas
talvez um pouco parecido com uma boneca para o gosto de Flum. Voltou sua tenção
para Milkit.
“Milkit
escolheu isso sozinha, você sabe. Eu acho que ficou ótimo. Não sei o que é, mas
ver ela ao meu lado realmente me anima.”
“Isso
é verdade? Queria eu ter alguém assim.”
Flum
abraçou Milkit com força. “De maneira nenhuma! Ela é a minha empregada
particular, tenha isso em mente.”
Milkit
se moveu incomoda, ainda sem estar acostumada em ser elogiada, e muito menos
que a abraçassem. Olhou para Flum, como se pedisse que ela tivesse piedade.
“Talvez vocês duas estejam brincando comigo?”
Flum
riu. “Aww, era tão obvio?”
“Não,
Milkit que é tão perspicaz.”
“É
verdade! Eu acho que posso me gabar um pouco da minha empregada.”
As
bandagens de Milkit se moveram quando estufou suas bochechas. “Por favor, não
me provoquem assim...”
Embora
ainda tentasse ignorar qualquer tentativa de ser elogiada, Milkit começou a
disfrutar dos elogios. Ainda era vergonhoso para ela, claro, mas sua
perspectiva estava mudando consideravelmente. Flum e ela haviam ficado muito
próximas nos poucos dias que haviam vividos juntas.
Sara
olhou para as duas e sorriu. “Aww, eu realmente estou com inveja das duas.”
Lembrou-se
de María, a mulher que havia sido como uma irmã mais velha para ela. Sabia que
María estava ocupada fazendo um trabalho importante e que não estava em
condições de tentar exigir seu tempo. E, no entanto... ver o quão próximas são
Flum e Milkit fez que um sentimento de solidão brotasse dentro dela.
________________________________________________________________________________________
Embora a viajem fosse muito longa e tediosa, o grupo passou o tempo brincando entre elas. Quando Stude finalmente acordou, ele manteve as três garotas entretidas com historias sobre Anichidey, algumas piadas mais pesadas e outros conversas com temas variados.
Aproximadamente na
metade do seu destino, pararam em uma cidade no caminho para descansar e jantar,
onde uma iguaria local foi oferecida, e descansar durante a noite. Depois de
controlar os cavalos e se assegurar de que o clima era adequado para viajar,
partiram novamente na manhã seguinte. Foi ao anoitecer que eles finalmente
alcançaram seu destino... Anicihdey.
Os quatro saíram da
carroça, que continuou sua viajem até a cidade seguinte. Voltaria para
busca-los em três dias. Se não encontrassem as ervas quando chegasse, elas
teriam que programar uma coleta diferente, mas Flum estava certa de que já estariam
prontas até então.
Flum,
Milkit e Sara olharam o povoado que estava diante delas. Havia muitas casas ao
redor, embora só algumas tinha luzes nas janelas. As ruas também estavam
completamente escuras, até mesmo a que deveria ser a rua principal. Tiveram que
pegar suas lanternas, originalmente desenhadas para sua expedição na caverna,
só para andar na cidade.
Stude
caiu na gargalhada diante da surpresa. “Gahahaha1 Muito impressionante, não? Eu
disse para vocês que não há nada aqui!”
“Realmente
é uma cidade fantasma.”
“As
pessoas... as pessoas realmente vivem aqui, verdade?”
“Assim
é. Umas poucas dezenas, talvez? Mas são todos velhos, então eu imagino que toda
a cidade estará vazia em mais ou menos uma década.”
Seu
tom continuava muito alegre. Ou não estava preocupado por isso, ou já havia
aceitado o destino da cidade.
“Como
pode uma pousada ganhar dinheiro em um lugar como esse?”
“Geralmente
está fechada, mas voltam a abrir cada vez que um viajante passa pela cidade. De
qualquer forma, só me siga. Ao menos as habitações são muito grandes e as camas
são confortáveis.”
Stude
partiu com as três garotas atrás de si. Eles passaram por janela após janela,
todas fechadas durante muito tempo, antes desviarem pela rua principal até o
que parecia ser uma zona residencial.
“No
passado, quando era pirralho, essa rua era cheia de vida.”
“Suponho
que isso é o que acontece quando o povoado perde sua principal fonte de renda.”
“Estou
impressionado de que tenha conseguido aguentar durante trinta anos, na verdade.”
“Pode
dizer isso o quanto quiser. E mesmo se não há nada aqui, você não pode mudar
onde estão suas raízes. Seu lar continua sendo seu lar, sabia? Então as pessoas
só querem continuar suportando, o que suponho que é o que mantém a cidade
funcionando.”
Essa
vez, a tristeza se apoderou do rosto de Stude enquanto olhava as casas vazias e
abandonadas. Mesmo se ele tivesse aceitado seu destino, tinha que doer ver sua
cidade natal assim.
O
grupo caminhou durante algum tempo antes de parar em frente a uma das poucas
casas com uma luz acesas dentro.
“Vou
entrar e falar com mamãe rapidamente. Garotas esperem aqui.”
As
três esperaram diligentemente fora do que aparentemente era a casa de Stude.
Segundo o que ele disse durante a larga viajem até aqui, seu pai havia adoecido
e faleceu faz uns dez anos. Foi muito trágico, especialmente por que a doença
do seu pai poderia ter sido curada se as ervas que uma vez cresciam em
abundância no campo ainda estivessem disponíveis.
Deste
então, sua mãe teria vivido sozinha enquanto Stude foi tentar a sorte na
capital. Havia funcionado muito bem durante algum tempo, mas agora que estava
envelhecendo, as coisas estavam ficando difíceis para ela. De fato, sua mãe foi
uma das razões pelas que decidiu fechar sua pousada.
Uns
cinco minutos depois, Stude apareceu na porta com sua mãe. Depois de um breve
períodos de apresentações, levou o grupo para a pousada localizada ao lado.
“Uau,
isso é muito impressionante.”
O
edifício era um lugar enorme e provavelmente poderia hospedar toda a população
de Anichidey se surgisse a necessidade. Era difícil imaginar que esse lugar
estivesse completamente reservado durante os anos prósperos da cidade, e até
mesmo teve que recusar cliente.
“Não
se preocupe, mantenho o lugar organizado.” A mãe de Stude abriu a porta
principal e fez o grupo passar antes de acender uma vela que trouxe da sua casa
para levar ela até suas habitações. O edifício havia sido construído a décadas,
muito antes da criação de conveniências modernas, como lanternas mágicas, mas o
suave resplendor da luz das velas dava uma sensação muito calorosa.
“A
habitação da direita tem uma cama de casal e a da esquerda tem duas camas
individuais. Qual será?”
As
três garotas votaram e rapidamente decidiram pela cama de casal. Ao abrir a
porta, foram recebidas por uma habitação impecavelmente limpa que era muito
maior do que seria esperado de uma cidade desse tamanho. Era difícil de
acreditar que não foi usada durante muito tempo, graças ao impecável trabalho
de limpeza. Os velhos hábitos devem ser difíceis de ser deixadas para a mãe de
Stude.
“Podem
usar a cozinha para cozinhar qualquer comida que tenham trazido, se vocês
desejarem.”
“Há
algum lugar para comprar mantimentos?”
A
mãe de Stude ofereceu um sorriso triste diante a pergunta de Flum. “Há uma
velhinha que tem uma loja próxima à rua principal, mas duvido que esteja aberta
a essas horas. Por não vem na minha casa e eu preparo algo para vocês?”
Sara
apertou as mãos com forças, seus olhos brilharam. “Você realmente vai fazer o
jantar para nós?”
Um
irônico sorriso apareceu no rosto da mãe de Stude diante a emoção de Sara.
“Terei
que pedir que paguem, mas é claro. Infelizmente, não posso oferecer um banquete
de graça, mesmo para garotas tão encantadoras como vocês.”
Depois
de descrever brevemente as instalações do hotel, entregou para Flum a chave da
sua habitação. Ela e Sara correram para deixar suas maletas. Uma vez que isso
esteve fora do caminho, as duas garotas se olharam nos olhos na frente da cama.
“Você
esta pronta?”
“Sip!”
Elas
saíram correndo e se jogaram de cabeça na cama.
Pwoomf!
Elas
afundaram profundamente no edredom macio e cheio de penas e ficaram ali um
pouco, disfrutando do suave abraço.
“Hmm?”
Milkit ergueu os olhos de onde estava ocupada arrumando suas coisas para
observar em confusão o comportamento das duas.
Flum
murmurou através do pesado edredom, animando Milkit a se juntar a elas. Se essa
a vontade da sua ama, não tinha outra opção além de agrada-la. Milkit se
aproximou da cama em um trote lento antes de subir nela.
Foi
tudo uma cena.
Milkit
ainda não tinha ideio do que estavam fazendo, mas podia sentir uma sensação de
animo, talvez até mesmo diversão, bem dentro dela. Sua apagada voz ressoou
através do edredom. “Posso te perguntar qual é o objetivo disso?”
“Você
só não se entregar toda vez que encontra uma cama confortável?”
“Bem,
sim!”
“Então
é por isso?”
Flum
suspirou. Ainda não fazia nenhum sentido para Milkit, mas pensou que não tinha
que ter sentido sempre que fosse divertido.
Finalmente
as três garotas sentaram na cama e começaram a conversar sobre qualquer coisa
que viesse a mente enquanto lá fora o sol se escondia no horizonte.
Justo quando começaram a ficar com fome, Stude apareceu
para chamar as garotas para jantar. Sugeriu que talvez quisessem banhar na casa
da sua mãe, então também levaram uma muda de roupa.
________________________________________________________________________________________
A
mesa foi servida com um grande banquete, ou ao menos o que poderia ser
considera um banquete em uma cidade tão pequena, com vários alimentos
reconfortantes feito com verduras de origem local. Havia tanta comida que as
cinco pessoas à mesa mal conseguiram comê-la. A mãe de Stude claramente havia
feito um esforço a mais nisso, já que era a primeira vez que tinha convidados
em muito tempo.
Flum
estava preocupada em ofender a amável mulher deixando algo sem comer, mas, para
sua surpresa, Sara devorou a comida em uma velocidade absurda. Mesmo Flum, cujo
apetite havia aumentado graça a todo o seu exercício recente, se surpreendeu
pela quantidade que a garota devorou. Enquanto Milkit fazia seu caminho através
de uma batata, uma colherada de cada vez, Sara conseguia limpar um parto
inteiro.
A
mãe de Stude pareceu surpresa, mas sorriu calorosamente ao vê-la. “Stude era
muito comilão quando era jovem, mas não como você, querida.”
Depois
do jantar, incluindo uma porção generosa de sobremesa, o estomago de Sara
estava visivelmente mais gordo que antes de comer.
“Uau,
eu estou cheia.”
“Você
tem dois estômagos ou algo assim, Sara?”
“Oh,
vamos, não comi tanto...”
“Você
certamente comeu uma quantidade muito impressionante.” Mesmo Milkit não
conseguiu superar a grande quantidade de comida que Sara devorou.
Depois
que ajudaram a mãe de Stude a lavar os pratos, chegou o momento de banhar.
Diferente da pousada, infelizmente, o banheiro aqui era grande o suficiente
para uma pessoa por vez. Sara parecia decepcionada por isso e fez beicinho.
“Droga,
eu tinha muita vontade de nós banharmos juntas como se fossem férias de
verdade.”
Para
ser justo, isso não era para ser um período de férias.
Depois
que as três banhassem por turnos, se despediram de Stude e sua mãe antes de
voltarem para a pousada, onde vestiram seus pijamas e deitaram mais uma vez na
cama.
“Então
é agora que devemos falar sobre nossas vidas amorosas, não? Quer dizer, isso é
o que fazem nas festas do pijama.”
A
exuberância juvenil de Sara fez que Flum sentisse um pouco mais velha. Já que
nenhuma delas tinha uma vida amorosa da que falar, essa conversa finalmente não
levou a lugar nenhum. No entanto, Sara não estava disposta a admitir a derrota
e provou uma variedade de outros temas durante um tempo antes que o cansaço da
sua longa viajem finalmente a alcançasse e dormisse.
“É
curioso como ela pode deixar de ser tão hiperativa e adormecida em questão de
segundos.”
“Ela
não se segura em tudo o que faz, suponho.”
“Tem
razão. Espero que se apegue a essa paixão a medida que envelheça.” Flum
começava a parecer uma anciã.
“Você
também é muito jovem, Ama.”
Flum
riu um pouco disso. “Só ver Sara já faz eu me sentir velha, sabe? De qualquer
forma, será melhor que as vovozinhas também durmam um pouco.”
Apesar
da ser relativamente cedo, estendeu a mão para apagar a luminária. Depois de
uns minutos, a voz de Milkit chamou timidamente da escuridão.
“Umm...
Ama?”
“Sim?”
“Você
tem certeza de que eu não deveria estar dormindo no chão?”
Flum
levou a mão para a cara, irritada. “Você continua fazendo perguntas como essa
depois de tudo o que nós passamos juntas?”
Aparentemente
os velhos costumes demoram morrer. Bom, ainda restava uma carta na manga para
usar contra Milkit. Flum estendeu a mão e agarrou a mão da outra garota,
entrelaçando os seus dedos.
Milkit
ofegou levemente.
“Agora
você não pode fugir, não? Agora durma um pouco.”
Um
olhar de preocupação se apoderou da cara de Milkit antes que finalmente se
rendesse. Suas vendas rangeram ligeiramente enquanto seu rosto se suavizou em
um sorriso. Falou quase que em um sussurro antes de fechar seus próprios olhos
para dormir.
“Obrigado, Ama.”
________________________________________________________________________________________
“Acorda
dorminhoca!!”
Na
manhã seguinte, uma Sara muito animada acordou Flum. Depois de ter passado a
maior parte da sua vida em uma igreja, a garota estava acostumada a viver com
um horário estrito... que incluía acordar com a saída do sol.
Era
cedo até mesmo para Milkit, que estava acostumada a começar o dia antes que a
maioria. No entanto, tão rápido como acordo, instantaneamente virou para Flum
para saudar sua ama. Flum esfregou os olhos numa tentativa desesperada de
despertar.
Uma
vez que se vestiram e ficaram prontas, as garotas saíram para procurar alguns
alimentos e reunir a informação que conseguissem. Falando francamente, a cidade
era ainda mais deprimente agora que estava completamente iluminada pelo sol da
manhã. Estava claro que a rua principal alguma vez havia sido um lugar cheio de
lojas movimentadas, mas agora aquilo era apenas uma memória distante. A maioria
das vitrines permanecia vazias, e suas únicas marcas de identificação eram os
letreiros que se deterioravam lentamente e marcavam seu negocio.
As
garotas caminharam pela rua, olhando os edifícios vazios no caminho enquanto
buscavam um lugar que estivesse realmente aberto. Finalmente encontraram uma loja
aberta que vendia itens essenciais para fazer negócio próximo de onde o
condutor da carroça havia deixado elas.
Flum
deu uma espiada em uma das lojas, encontrou uma mulher mais velha de óculos
sentada atrás do balcão lendo um livro. Levou alguns minutos até finalmente
notar Flum.
“Oh,
já faz muito tempo desde que vi um rosto desconhecido. É você, por casualidade,
um cliente?”
Sara
interveio alegremente antes que Flum pudesse responder e correu até o balcão.
“Viemos da capital!”
“Da
capital, eh? E vejo que estão todas vestidas com um traje muito interessante.
Já faz um tempo desde a ultima vez que vi um espetáculo. Infelizmente, não
sobraram ervas para colher.”
“Entendo
que não estão sendo colhidas, mas suponho que ainda estão crescendo em algum
lugar.”
A
mulher mais velha suspirou. “É verdade. Ainda crescem nas cavernas fora da
cidade. Infelizmente o lugar esta infestado de monstros e ninguém se atreve a
se aproxima muito. Não é um lugar para um grupo de jovens garotas como vocês.”
Flum
se aproximou mais. “Que tipos de monstros vivem ali?”
“Como
eu vou saber? Nunca os vi, mas pelo que eu escutei são muito assustadores.
Nenhum dos aventureiros que foram nas cavernas procurar erva voltaram.”
“Nem
mesmo um?”
A
mulher mais velha desviou o olhar.
“Nem
mesmo um único. De fato, nessa manhã mesma um grupo de homens passou
perguntando pelas cavernas. É um pouco estranho ter dois grupos no mesmo dia.
De qualquer forma, provavelmente já estão mortos.”
Havia
certa sensação de finalidade na forma que falava que fez que o silêncio caísse
sobre as três garotas. Que tipo de criaturas estranhas habitavam a caverna, era
uma incógnita, mas a essas alturas não estavam dispostas a renunciar às ervas
kialahri. Não depois de chegar tão longe.
Depois
de comprar um pouco de comida, voltaram para a pousada para preparar o almoço e
ir para a caverna. Feito isso, Flum e Sara pegaram suas malas e se preparam
para ir. Essa vez Milkit para trás, pois se eles encontrassem problemas na
caverna, ela apenas se colocaria em perigo.
Ela
parecia muito preocupada enquanto se despediam. “Você esta certa sobre isso?”
“Mas...”
“Não
se preocupe, você sabe, eu também vou!”
“Assim
é. Com nós duas tudo vai ficar bem.”
“Entendo.”
Milkit assentiu, embora não parecia estar convencida.
“Entendo
sua preocupação, Milkit, mas é mais difícil fazer meu trabalho se você não pode
se despedir de mim com um sorriso.”
“Ama,
essas palavras são terríveis.”
Flum
riu. “Oh, eu sei, acredite em mim. Enfim, estamos indo!”
“Nos
vemos!”
As
duas saudaram alegremente e continuaram seu caminho.
Milkit
as viu ficarem menores enquanto desapareciam ao longe. Seu coração acelerou
quando sentiu uma nuvem de preocupação pairar sobre ela, mas era o dever de um
escravo ficar para trás e esperar pacientemente o seu amo.
Finalmente
esboçou um sorriso e saudou Sara e Flum. “Boa sorte, Ama, Sara!”
Escutar
isso fez com que Flum sorrisse.
________________________________________________________________________________________
Aproximadamente
uma hora depois de sair da cidade, a carroça levou Flum e Sara pela floresta
escura e premonitória antes de finalmente para na entrada de uma caverna. Foi
claramente ampliada por ferramentas feitas pelo homem, provavelmente remonta à
época em que a colheita de ervas estava no apogeu. No entanto, assim como havia
dito antes a dona da loja, parecia abandonada, a jugar pelo musgo acumulado.
Flum
respirou fundo varias vezes numa tentativa de acalmar seus nervos. Mesmo a
normalmente alegre Sara parecia apreensiva, com o rosto tenso, enquanto estavam
na sinistra entrada da caverna.
Infelizmente,
não podiam ficar aqui o dia todo. Depois de ascender suas lanternas, as duas
cruzaram a entrada da caverna e se adentraram mais nas suas profundidas, com
cuidado para não escorregar no chão musgoso.
Sara
falou quase em um sussurro, como se preocupada que alguns monstros que
espreitavam por perto pudessem ouvi-la. “É muito mais claro do que eu pensei
que seria.”
Flum
parou para olhar uma planta que crescia em um dos pontos iluminados por um
tênue raio de luz. Provavelmente encontraria a kialahri crescendo em algum
lugar similar. Apagou a lanterna e olhou os arredores. A caverna parecia
surpreendentemente benigna, mas supôs que chamaria muito menos atenção com as
lanternas apagadas.
Sara
rapidamente seguiu seu exemplo e as duas adentraram na caverna tenuemente
iluminada, às vezes tendo que atravessar corredores estreitos, enquanto outras
vezes se encontravam em habitações cavernosas. A julgar pelas marcas nas
paredes, essas cavernas haviam sido expandidas pelas mãos de muitos homens.
De
repente escutaram um grunhido surgir das profundezas da caverna.
“Nnnngroooaaaawr.”
Flum
virou para Sara e levou um dedo aos lábios. Sara assentiu em resposta e conteve
a respiração. Ambas as garotas ficaram quietas por um momento e escutaram com
atenção.
Foi
então quando o escutaram: passos de uma variedade decididamente não humana.
Avançaram
pouco a pouco, com cuidado de não fazer barulho, até que Flum chegou a uma
curva do túnel. Inclinou-se para frente o suficiente para olhar ao redor da
esquina.
Mais
a frente, viu uma criatura humanoide musculosa de pele verde, de uns três
metros de altura. Tinha chifres brancos que sobressaiam da sua cabeça.
Sara
se inclinou para sussurrar no ouvido de Flum. “Parece um ogro, um monstro Rank
C.”
Daqui,
com as presas encharcadas de saliva, brilhando na escuridão, pareciam os
demônios sobre os quais você lia nos contos de fadas infantis. Flum lançou
Escanear para comprovar suas estatísticas.
Ogro
Afinidade: Terra
Força: 608
Magia: 9
Resistência: 623
Agilidade: 136
Percepção: 81
Assim
como ela havia adivinhado, suas habilidades se centravam na força e na
resistência. Sem ataques mágicos com os quais se preocupar, Flum pensou que
deveria ser muito fácil acabar com um ogro, mesmo se era Rank C. Ao menos,
seria muito mais fácil que a batalha contra o anzu e seus repentinos ataques de
vento.
Além
disso, dessa vez eram dois contra um, e Flum era ainda mais forte desde a
ultima grande batalha. Sentia-se muito segura das duas possibilidades, mas
teria que se assegurar de não acertada. Um golpe poderia causar um dano real
com uma estatística de força tão alta. Se o ogro acertasse no lugar correto, o golpe
poderia resultar fatal.
“Não
será complicado.” Já havia explicado para Sara como funcionavam suas
estatísticas na noite anterior. Evidentemente, Sara ficou chocada com essa
revelação, mas havia visto os efeitos por si mesma quando elas estavam lutando
contra os ladrões no beco. Flum esperou até que o ogro lhe desse as costas
antes de dar sinal verde. “Esta bem... Vamos!”
As
garotas saíram correndo das sombras e se aproximaram da besta.
Entre
o fio do Devorador de Almas de Flum e a maça de Sara, o ogro nunca teve
oportunidade, seus músculos e ossos colapsaram diante os fortes golpes. Sara
lançava todo seu corpo em cada golpe, fazendo que a maça aterrissasse ainda
mais forte do que Flum havia imaginado. Era muito assustador para uma garota de
dez anos.
O
ogro uivou de agonia e se agitou, o que deixou ainda mais aberturas para
atacar. Lenta mais seguramente, o monstro foi se debilitando cada vez mais, até
que Flum lentamente atravessou o coração com a espada. Quando puxou a espada
encharcada de sangue, o ogro caiu sem vida não chão.
As
duas trabalharam juntas para rolar o ogro e cortar suas presas. Conseguiriam um
bom preço no mercado aberto. Claro, estavam aqui pelas ervas, mas era de mais
obter um pouco de lucros enquanto o faziam.
Flum
limpou as presas e as jogou em sua bolsa antes de continuar caminhando até as
cavernas. Escutavam os gritos de vários monstros de vez em quando enquanto
avançavam, mas o complexo da caverna aparentemente era muito maior do que
qualquer uma delas havia previsto, por que não encontraram nenhum. A julgar
pelos sons dos seus gritos, os monstros ainda estavam a uma distância
considerável. No entanto, mesmo se si encontrassem com um monstro, Flum se
sentia razoavelmente segura de que ela e Sara poderiam derrota-lo com relativa
facilidade.
Enquanto
avançavam pelos tuneis labirínticos, usaram tinta para marcar as paredes para
as ajudar a encontrar o caminho de volta. A caverna também começou a ficar mais
clara a medida que avançavam.
“Me
pergunto se estamos voltando para a entrada?”
“Não
sinto que demos uma volta grande, então talvez haja outra entrada para a
caverna.”
Depois
de dobrar outra esquina, as duas descobriram a fonte da luz.
“Então
era isso...”
“Sabe,
estava pensando que não havia maneira de que crescessem suficientes ervas aqui
para manter prospera uma cidade desse tamanho, mas agora tudo faz sentido.”
Diante
delas, o teto havia caído e a luz do sol caia, pelo buraco, em cascata no chão.
Um pequeno riacho passava borbulhando, alimentando uma grande variedade de
plantas. Tudo estava tão verde que era fácil esquecer que tecnicamente ainda
estavam em uma caverna.
“É
como um jardim interno.”
“Se
não estivéssemos aqui em uma missão, só essa paisagem já faria valer a pena a
caminhada.”
Mas
estavam em uma missão e não havia
tempo sentar e se divertir. Se esse lugar poderia portar uma variedade tão
grande de ervas e arbustos, então tinha sentido que as kialahri também
estivessem por perto. Flum imediatamente começou a caminhar, buscando sinais da
erva.
No
entanto, Sara permaneceu fixa no seu lugar, com uma expressão de preocupação
estampada no seu rosto. “Eu não sei sobre isso... está tudo um pouco tranquilo,
não acha?”
O
ar estava limpo e a claridade era agradável e calorosa. Se as plantas cresciam
tão bem aqui, era logico que também houvesse vida animal. Isso fez que Flum
também parasse de andar. Agora que Sara mencionou, por que não havia animais em
um lugar perfeitamente adaptado a vida?
O
som da agua borbulhando e os barulhos das folhas no vento começaram a adquirir
um tom sinistro.
“Mas
eu tenho certeza de que podemos encontrar kialahri por aqui. Temos que olhar.”
“Suponho,
mas não quero ficar aqui por muito tempo, tudo bem?”
“Bem,
vamos nos apressar.”
As
duas garotas assentiram e imediatamente se separaram para procurar kialahri no
meio de toda a vida vegetal.
Um
minuto depois, o silencio foi interrompido por um barulho ensurdecedor. Flum
ficou tensa, girando na direção que vinha o barulho. O caminho que haviam
tomado para chegar ali agora estava completamente obstruído por rochas
derrubadas. Dois homens foram brevemente visíveis através dos escombros antes
de encherem, ambos com sorrisos sinistros em seus rostos.
“Que
merda está acontecendo aqui?”
“São
os bandidos de Dein?! Mas o que diabos estão fazendo, nos seguiram até aqui?!”
A
melhor suposição de Flum era que esses homens faziam parte do mesmo grupo que
haviam tentado roubar a bolsa de Leitch. Provavelmente estavam aqui para vingar
os seus camaradas que agora estavam sentados na prisão da igreja. No entanto,
mesmo se esse fosse o caso, parecia absurdo que as seguissem até Anichidey só
para se vingarem.
Assim
que o deslizamento de rochas parou, Flum se aproximou para inspecionar as
pedras que bloqueavam seu caminho. “Não é impossível, mas acho que será muito
difícil mover algo tão grande a mão.”
“Se
tentarmos abrir caminho a força, provavelmente só ficara pior. Talvez nós
devêssemos buscar outra saída?”
“Você
provavelmente tem razão. Desculpa te envolver nisso, Sara.”
Sara
apertou o punho e o agitou. “Você sente? Que coisa? É esse idiota do Dein quem
comanda os aventureiros do Distrito Oeste como um chefe do crime que tem a
culpa aqui! Quando nós sairmos daqui, vou ensinar para ele uma ou duas coisas!”
Flum
si sentiu aliviada ao ver que a situação não tinha desanimado a Sara. Ainda
assim. Mesmo assumindo que havia outra saída em algum lugar, levaria algum
tempo a encontrar, levando em consideração o tamanho dessas cavernas.
“Por
que não procuramos primeiro as ervas? Então poderemos...”
Antes
que Flum pudesse terminar seu raciocínio, escutou o som de algo rangendo
através vegetação. Rapidamente desviou o seu para os arbustos.
“O
que é?”
“Acho...
acho que algo acabou de se mover. Poderia ser um monstro.”
Ambas
as garotas ficaram paralisada, olhando fixamente na direção de onde vinha o
som. Finalmente, uma figura enorme de pele verde apareceu de um grupo de
árvores.
“Outro
ogro! Não tem problema!” Declarou Sara.
No
entanto, Flum permaneceu em silencio.
“...Flum?”
“Espera.”
Algo
parecia não estar bem. O que ia até elas era um ogro, disso estava segura. No
entanto, havia algo diferente na cabeça desse ogro que o distinguia do que
haviam matado antes.
Flum
perdeu de vista a criatura por um momento enquanto se movia entre as árvores.
Quando voltou entra na sua visão, o que ela viu desafiou qualquer crença.
“O
que é essa coisa?!”
O
ogro não tinha rosto.
O
interior da sua cabeça havia sido esculpido e algo estava crescendo em seu
lugar; uma mistura de carne e musculo, com um coração e vários órgãos pulsando
e se retorcendo ao redor da cavidade em um movimento no sentido das agulhas do
relógio. Sangue espesso e vermelho brotou do orifício, caindo em cascata pelo
pescoço e pelo peito do ogro, dando um tom escuro a sua pele verde.
“Isso
não é um ogro, verdade? Quer dizer, é o corpo de um ogro, mas...”
“Use
Escanear!”
Sara
tinha razão. Escanear era a forma mais rápida de averiguar o que enfrentavam.
Flum
usou o feitiço e rapidamente deu uma olhada nos detalhes.
EnCOontRaDo
O?
Quem... por quê: você foge?
Musculoso,
você consegue: 7 pecados
MaGia:
Re Re Re Re
Resistência-tência:
9 mortes fixas, pegue
Agilidade:
Uma única oportunidade
MORTES:
14
CUMPRA
SEU DEVER FLUM APRICOT
Nada
disso tinha sentido, mas Flum sabia que independente do que fosse, era
perigoso. Ela sentiu como se uma mão gelada tivesse entrado em seu peito e
havia se apoderado do seu coração.
“O-O
que é essa coisa? Nunca tinha visto algo assim!” Sara também havia escaneado a
criatura e estava igualmente aterrorizada pelo que viu.
Falhas
como essa não era muito fora do comum quando um feitiço dava errado ao ser
lançado, mas era pouco provável que isso fosse o caso de algo tão simples como
Escanear. Especialmente para duas pessoas que haviam usado separadamente.
“Por
o seu nome estava no status desse monstro?”
“Eu
não sei!”
O
ogro estava dando voltas ao longe, cuidando dos seus próprios assuntos, até que
lançaram Escanear sobre a criatura. Imediatamente girou o seu pescoço, como se
a massa de carne rasgada de onde devia estar seu rosto pudesse vê-las. A forma
redonda se estendeu rapidamente para os lados, formando um oval, quase como se
estivesse sorrindo para elas.
Levantou
um punho verde no ar. Flum podia sentir que as coisas estavam a ponto de mudar
para elas.
“Acho...
acho que será melhor corrermos.”
O
monstro acertou com força o chão com o punho e Flum sentiu que o chão começava
a se deformar abaixo dela.